Fonte : Chãos - Relatório Linguístico, Etnográfico e Folclórico, 1971 – Iracema
Azevedo Leitão
"O S. João constitui igualmente uma festa muito alegre, agora nem tanto, como todas as festividades, devido à falta de gente jovem.
Nesse dia, a gente mais nova invade os arredores mais agrestes da aldeia para arrancar e fazer molhos de rosmaninhos e belas-luzes. Os molhos são colocados no “Tesinho” (um dos principais largos do “Povo”) e, à noite, acende-se a fogueira, que constitui o centro de atracção da festa. Simultaneamente outras fogueiras se acendem noutros recantos da aldeia.
Ao som da concertina, e à volta da fogueira, desenrola-se o baile, ao mesmo tempo que se salta por cima das labaredas para que o fumo e o cheiro intenso afastem as “cobras chocas”. Dizem que se deve saltar a fogueira pelo menos três vezes.
As pessoas mais velhas referem-se a um costume antigo característico do S. João: nesse dia, as moças solteiras levantavam-se antes de o sol raiar e iam lavar-se na água de sete nascentes ou “espulinhavam-se” ( revolteavam-se) sobre um campo de linho coberto de orvalho.
As moças solteiras ainda cortam flores de cardo, as alcachofras, e chamuscam-nas no fogo. Depois enterram-nas, deixando os caules de fora. No dia seguinte desenterram-nas e procedem a uma observação: se as ditas flores estiverem rebentadas, é sinal de que “o amor” gosta delas e lhes corresponde.
Outro costume ainda se mantém: nessa noite deita-se a clara de um ovo num copo cheio de água e, de manhã, antes do sol nascer, a pessoa irá ver a configuração que a clara tomou: a de um barco, de um caixão…,etc. O futuro dessa pessoa será ditado pelo aspecto que a clara tomar na água do copo."
Já em 1971 se queixavam da falta de gente jovem...
ResponderEliminarAqui está um texto com 40 anos, que, provavelmente, poderia ter 150 ou 200...
De facto a nossa aldeia desenvolveu-se tão rapidamente como se despovoou.
E as tradições também se vão perdendo.
É, também por isso, muito interessante o texto aqui publicado, graças à colaboração de Iracema Azevedo Leitão, deixando uma nota de história e tradição que nos coloca mais próximos das nossas raízes.
Ficamos à espera de mais contributos... documentos, fotografias, histórias, etc.
O apelo é para todos.
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Antero Monteiro