O Domingo anterior à Páscoa era o Domingo de Ramos. Antes da missa, os mordomos desse ano colocavam um monte de ramos de oliveira perto do altar, para que, durante a celebração, o padre os benzesse com água benta. No final, cada pessoa ia receber o seu ramo, pendurando-o posteriormente num local de sua casa para que esta ficasse abençoada e livre de perigos.
Durante o período da Quaresma, dizia-se a “Dia Sacra” (versão popular de Via Sacra) no interior da capela. Na Quinta e Sexta-Feira Santas, fazia-se fora, em peregrinação, percorrendo primeiro diversos pontos das ruas do “povo” assinalados por cruzes, antes de madeira e posteriormente de pedra. As cruzes estavam pregadas nas paredes de algumas casas. À frente ia um homem com uma grande cruz de madeira, onde se traçara uma toalha branca, geralmente de linho. No percurso rezava-se o terço e, em cada cruz, o grupo parava para ouvir um paroquiano ler uma passagem de um livro correspondente a uma “estação” da Via Sacra.
A Via Sacra terminava no Calvário, situado a umas centenas de metros da capela, na zona das “Eiras”. Trata-se de um pequeno complexo arquitectónico muito antigo que tenta recriar o lugar onde Cristo foi crucificado. Ergue-se num “cabeço” (pequena elevação) chamado de Poisados e é constituído por uma espécie de altar com escadas onde se levantam as três cruzes principais (ver foto). Abaixo destas, e em pontos mais alargados, erguem-se, cada uma sobre um pequeno pilar trabalhado, outras quatro cruzes, perfazendo no total sete cruzes, outrora de madeira. Neste local percorriam-se os sete pontos sagrados e todos se ajoelhavam para meditar nos martírios do Senhor.
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