sábado, novembro 14, 2009

O forno público


Este é um dos maiores símbolos da comunidade. Ao longo de décadas, aqui se cozia o pão de centeio que, bem cedo, rumava às feiras de Mêda e Trancoso. Transporte em fila de burras, mansas e ordeiras. As donas, de lenço na cabeça e a melhor farpela. E palmilhando cerca de 13 quilómetros para a Meda e cerca de 15 para Trancoso, contando que no regresso era outro tanto…
Foi durante anos uma indústria intensa. O forno sempre a trabalhar: Ali saía o pão estaladiço, e risonho que fazia alegrar os sonhos de quem estava.
Era local quase sempre de mulheres. Mas no tempo frio, era um dos locais onde se estava melhor e mais quente. Quantas vezes as temperaturas descem por estas terras a dois ou três graus negativos…
Os dias em que se cozia o pão era um dia grande e de muita satisfação em cada casa.
Ali, no “Tesinho”, assim chamavam o largo em que se situa, passavam muitas sacas de centeio transformadas em pão saboroso! E os bolos da Páscoa? Umas vezes por outras em dias de festa, também ali foram assados borregos, cabritos, bolas de carne, biscoitos e outros petiscos, que faziam a felicidade de muita gente.
A vida dura desses tempos fazia com que a felicidade das pessoas dependesse de pequenas coisas do dia a dia. Aqueles que viveram esses tempos bem podem ter saudades deles. Lembram-se?
Este é um local a preservar, um dos faróis mais antigos da comunidade dos Chãos.
Um símbolo de partilha, de utilização comum, de solidariedade, de bem comum, de fraternidade.

Beirão (2009-11-14)

1 comentário:

  1. Não tive a oportunidade de provar essas iguarias que provinham do Forno Público dos Chãos mas acredito que fosse motivo de alegria e satisfação para todos os que tiveram esse prazer!

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