quarta-feira, dezembro 26, 2012

Castanhas fritas - sugestão

A propósito de castanhas e da forma como habitualmente se saboreiam...
No passado mês de Novembro, eu e meu marido fomos  a uma “petisqueira” excelente, que faz parte da nossa lista de preferências e onde gostamos de levar os amigos. Depois da habitual degustação dos vários petiscos servidos, foi-nos oferecido – gentileza da casa – um pratinho de castanhas fritas.

Preparação facílima:
cortam-se para não estourarem e sem mais nada, fritam-se em óleo bem quente (+-180º) durante 5 a 7 minutos. Ficam deliciosas. Vale a pena experimentar.
Natércia Veríssimo

terça-feira, dezembro 25, 2012

Boas Festas e Feliz 2013



Mais um dia de Natal.
Como sempre, é nestes dias que vêm à memória as lembranças dos velhos tempos, desta aldeia hoje pouco habitada, onde viviam centenas de pessoas, sobrevivendo da agricultura.
Estes dias festivos, de melhor repasto e doçaria tradicional ( filhós, arroz doce, biscoitos, entre outros), e uma prenda na bota, no tamanco ou mesmo, mais raramente, no sapato, tornavam o dia memorável.
Lembro ainda algumas dessas prendas importantes: uma laranja, uma moeda de 2$50 (hoje 0,0125 €), uns rebuçados, uma boneca ou uma pequena bola de borracha… Uma destas coisas em cada ano! Mas estávamos nos tempos em que não havia dinheiro. Em geral, construíamos os nossos brinquedos.
Na noite de consoada os homens juntavam lenha, com grandes troncos e faziam uma fogueira enorme, normalmente no largo da igreja, onde a noite gélida era temperada com vinho tinto e bagaceira, tudo local e de primeira qualidade, sem aditivos ou conservantes… Lá chegavam o pão e alguns petiscos, uma ou outra chouriça, nacos de presunto e pão. E ali ficavam até altas horas da madrugada. O dia de Natal incluía a missa mais demorada e solene que reunia toda a povoação. A Igreja exibia sempre o seu presépio artesanal, com as imagens inevitáveis de S. José, N. Senhora e o menino Jesus, com os Reis Magos, animais de várias espécies, muito musgo, declives, imitação de cascatas e um número de pormenores, que faziam de tal construção uma obra de arte. Ainda hoje assim deve ano a ano renovar-se, mantendo a tradição.
É nesta onda de tradição que deixamos aqui, a todos, os votos de Boas Festas e Feliz 2013.

quinta-feira, dezembro 06, 2012



Chãos - uvas ao ar livre em pleno Dezembro!

É dificil acreditar, mas é verdade. O senhor Constantino Ladeiras quis guardar as suas uvas para ir consumindo no Inverno. Então decidiu cobrir com um toldo grosso a sua parreira de uvas de mesa, situada no pátio abrigado de sua casa. O toldo protege da geada e das temperaturas muitas vezes negativas, que, por sua vez, fazem o trabalho de conservação das uvas.
E com a vantagem de que as mesmas continuam a ser alimentadas pela seiva da sua cepa.
É mesmo para dizer: um belo trabalho de engenharia agrónoma e, como diz o poeta, "um saber de experiência feito"!

(Texto e fotos de Iracema Leitão)

 

domingo, dezembro 02, 2012

Aldeia de Portugal e do Mundo

Entrámos, há cerca de um mês, em mais um ano da existência deste blog (iniciado em 2009-10-31).

É fácil participar neste blog através do e-mail : chaosdemeda@gmail.com , acessível em qualquer parte do mundo.
A título de balanço, constatamos alguns números:

Visitas ao blog até esta data .................................. 10.025;
Pessoas que entraram no blog…(cerca de)…………. 3.506;

Acederam ao blog pessoas de quase todas as regiões de Portugal continental e Ilhas, de diversos países da Europa, mas também frequentemente do Brasil, USA (Estados Unidos), Canadá, São Tomé e Príncipe e muitos outros.
Se consulta habitualmente o blog, não se esqueça de o dar a conhecer aos seus familiares e amigos, mantendo-os ligados a esta pequena aldeia de Portugal e, por esta via, do Mundo.
Pelas informações que nos dá o contador inserido no blog é ao domingo que mais pessoas visitam o blog.
Se quiser e puder, mande notícias e fotos, antigas ou novas, relacionadas com a aldeia ou as suas gentes.

Veja a localização dos últimos dez visitantes (cada pequeno círculo vermelho corresponde a um visitante ou vários da mesma localidade):
(Informação de "Bravenet Free Counter" - inserido no blog)

quinta-feira, novembro 22, 2012



"Castanheiros às portas de Chãos: o velho e o novo..."
(Fotos recentes de Iracema Azevedo Leitão)

Está quase a acabar mais uma época de castanhas. As castanhas de excelente qualidade da aldeia de Chãos. Assadas ou cozidas, as castanhas e, também, a jeropiga continuam a ser uma marca importante do começo do tempo frio. Importantes para socializar as pessoas, pelas melhores razões.
Mantenhamos a tradição.
Muito obrigado à autora das belas fotos acima publicadas, tão genuínas e oportunas.

domingo, novembro 11, 2012

S. Martinho - as boas memórias da aldeia


(Flor de castanheiro - Fotos de Iracema Azevedo Leitão) 

Como em muitas outras terras da Beira Interior, a batata e a castanha eram os produtos da terra que melhor garantiam a subsistência alimentar da população, sobretudo durante o Inverno.
No tempo das castanhas, quase todos os dias à noite se cozia uma panela de barro de castanhas ou se assavam algumas nas brasas da fogueira. Por vezes, um copinho de jeropiga alegrava e enriquecia o sabor das castanhas na boca.
No dia de S. Martinho, era costume fazer-se um magusto colectivo num pinhal:
limpava-se um círculo no chão do pinhal, aí se deitavam as castanhas golpeadas (para não estourarem e causarem alguns danos ou risos) e cobriam-se de “carumba”(folhas do pinheiro). Ateava-se o fogo e iam-se remexendo até assarem.
As castanhas depressa se deterioravam. Para as conservarem, as pessoas secavam-nas no “caniço”, série de finas ripas de madeira unidas e colocadas no tecto da cozinha, ao alcance do calor e do fumo da fogueira. Também havia quem as conservasse frescas em areia, dentro de cântaros de barro.
Às castanhas secas tiravam-se depois as cascas exterior e interior, sendo depois guardadas em pequenos sacos de pano. Muitas vezes, eram utilizadas na confecção da sopa de castanhas. Também era costume dar às crianças castanhas e figos secos quando corriam as casas a “cantar as Janeiras”.
A sopa de castanhas era frequente nas noites de Inverno, sobretudo quando nevava e as pessoas ficavam alguns dias impossibilitadas de sair de suas casas. Deitavam-se as castanhas de molho (retirava-se a casca interior, se ainda a tivessem) e depois coziam em água juntamente com um pouco de feijão vermelho e uma pitada de sal, tendo o cuidado para que os ingredientes não se desfizessem totalmente. Escusado será dizer que as panelas de ferro e a lenha acentuavam o excelente sabor adocicado desta sopa, tão apropriada para os dias frios.

(Texto e fotos de Iracema Azevedo Leitão)

segunda-feira, novembro 05, 2012

1º de Novembro - “Dia de Todos os Santos”

Porta principal da Igreja de Santo Amaro - Chãos
(Foto AM)
Cumpriu-se a tradição. A aldeia viu reunir os habitantes de todos os dias e os que chegaram, de perto e de longe, para celebrar a memória dos entes queridos que já partiram.

Depois da celebração de missa, houve a habitual romaria ou procissão até ao cemitério.

Numa povoação tão pequena, quase todos têm laços familiares e, se outros não existirem, ficam ainda os de amizade e solidariedade. Juntam-se as famílias celebrando a saudade e a vida, que tem sempre de continuar.

quinta-feira, outubro 11, 2012

Já lá vai o calor. Chega o frio nestas terras da Beira.


O tempo cumpre a sua rota de todos os anos.

As temperaturas dos próximos dias confirmam a chegada do frio. Aproxima-se o S. Martinho, a época das castanhas, a apreciação do conforto das lareiras.

Nos próximos dias as temperaturas máximas na aldeia ficam pelos 15 e os 18 graus.
As temperaturas mínimas estarão entre os 4 e os 6 graus. 

Pode sempre verificar o tempo que faz na aldeia, clicando duas vezes ao lado ( sobre o símbolo do sol ). 

domingo, setembro 23, 2012

Os sabores de infância


(Foto AM 14.08.2012 - Chãos)
Com a sucessão das estações do ano, o aldeão vai assistindo à incrível renovação da natureza.
No inverno, quase tudo parece agreste, improdutivo e desistente.
A primavera apresenta-se fulgurante, quase se notando o desenvolvimento das plantas no dia a dia.
Em breve, tudo florido, os pequenos frutos começam a aparecer por todo o lado.
As boas condições do tempo vão modelando  um ano próspero de abundância e boas colheitas ou,  uns poucos dias de frios tardios, com geadas e, muitas vezes, granizo,  podem vindimar antes de tempo e arrasar as esperanças de colheitas favoráveis.
A incerteza entre os anos de sorte e de azar, mantêm sempre a esperança de que o próximo seja de sorte.
Mas, como o fruto das diversas árvores  vai aparecendo em meses diferentes, nunca a falta de sorte é geral.
Actualmente, os supermercados vendem todas as qualidades de fruta, todo o ano, vindas do equador ou dos trópicos, do oriente ou ocidente. Apesar disso,  o chegar, colher e saborear, desta nossa pequena aldeia, transporta-nos aos sabores de infância, quase sempre inatingíveis, sem comparação, com fruta quantas vezes colhida ainda verde, passada por câmaras frigoríficas, em bolandas até chegar a casa de cada um. 

domingo, setembro 02, 2012

Curiosidades

Alguns dados deste blog, por mera curiosidade:
  • a hora de maior afluência é entre as 15h00 e as 16h00;
  • é ao domingo que se verificam mais visitas a este blog (17,71%);
  • em média, o blog tem 8,7 visitas por dia;
  • entram no blog em média 3 novas pessoas/dia;
  • em média, por dia, são consultadas11 páginas; 

quinta-feira, agosto 30, 2012

O regresso depois das férias na aldeia

Está a acabar mais um mês de Agosto.

A aldeia recebe os visitantes mais frequentes e aqueles que, só de longe em longe, regressam, procurando em mais uma estadia acumular sabores, cores, sol, afectividades, cultivando a nostalgia habitual de quem conhece a sua aldeia, todas as pessoas, as árvores, os frutos, as pedras da calçada, as nascentes, as casas, os pássaros e quase tudo o que interessa a cada um reconhecer e valorizar.
Alegrias, tristezas e solidariedade, habitam os dias desta aldeia.
Assim se acumulam razões, contentamentos, força anímica, por vezes, para mais um longo ano.
Para todos um bom regresso aos seus destinos de origem e mais um bom ano de trabalho.


sábado, julho 28, 2012

A "Casa do Sr. Raul" - uma boa notícia


Durante algumas décadas, assistimos à decadência da principal casa da aldeia, das edificações acessórias - a chamada "casa do sr. Raul" - e da "cerca". Por razões que aqui não interessa escalpelizar, até por não as conhecermos.
A boa notícia que damos aqui é que tais propriedades mudaram de donos, tendo sido adquiridas recentemente pelo casal Acácio António Ramos Guerra e Alice do Carmo Machado Matias Guerra.
Aqui esperamos que, com esta mudança de proprietários, tenha chegado uma época de recuperação de edificações e das muitas e exóticas plantas do jardim frontal desta bela casa, marcante para toda a aldeia.
Aos novos proprietários desejamos coragem, sorte, saúde e longa vida, para realizarem e fruirem a importante obra de que em boa verdade toda a aldeia beneficiará.
(Percorra este blog e encontrará muitas fotos e uma breve descrição do interior da própria casa).

segunda-feira, junho 25, 2012

Duas fotos da aldeia

Vista das Eiras para o Povo

Vista do Povo para as Eiras

Aqui ficam duas fotos dos dois aglomerados essenciais que formam a aldeia.
Desafiam-se aqueles que tenham melhores fotos desta ou de outras perspectivas a enviá-las para publicação.
Há sempre recantos e pormenores que merecem relevo, pelo motivo fotografado ou pela qualidade da foto.



quinta-feira, maio 31, 2012

As andorinhas

(Chãos - Largo do Tesinho - foto  de Junho de 2011)
(Clique em cima da foto para ampliar)
Migratórias, insectívoras, de pequeno porte, asas longas e pontiagudas. Aparecem com o tempo mais agradável, depois do inverno rigoroso. Constroem os seus ninhos. Esvoaçam em grupos, pousando em beirais e fios de telefone ou electricidade.
Graciosas, trazem uma especial animação à aldeia.
Em voos rasantes e rápidos, passam e voltam a passar, na sua incessante viagem para se alimentarem…

quinta-feira, maio 24, 2012

Festa de Nª. Sª. de Vila Maior

(Foto da Festa de 2011 - de Catarina Felício)
No próximo domingo, dia 27 de Maio, terá lugar a festa anual de Nª. Srª. de Vila Maior.
Com a tradicional missa no santuário de Vila Maior, banda de música, foguetes, os tradicionais almoços de família no parque das merendas ali existente e apropriado para o efeito.
Tempo de muita vida e verde, plantas renovadas, com folhas e flores, animando aquele pequeno planalto, donde se avistam aldeias vizinhas e uma vasta paisagem.
Compareça e envie-nos imagens, para que possamos dar aqui notícia do que por lá se passar.

terça-feira, maio 22, 2012

Casa do Povo - Eiras

Casa do Povo de Chãos
Aqui fica uma fotografia da "Casa do Povo", junto ao campo de futebol, donde se avistam várias aldeias vizinhas e uma paisagem desassombrada. Um dos principais símbolos da comunidade.
A sua construção está ligada à "Associação de Melhoramentos dos Chãos" fundada em 1986.  

domingo, maio 06, 2012

Chafariz das Eiras


O chafariz das Eiras, construído há umas décadas, constituiu  um melhoramento camarário de grande relevância. Tanto quanto sei (outras pessoas terão um conhecimento mais profundo e poderão trazer a sua ajuda a este blog) fica na rota de captação de água com destino ao Município de Meda. Foi um grande benefício para o aglomerado habitacional das Eiras (a aldeia de Chãos é essencialmente constituída por dois aglomerados habitacionais "Povo" e "Eiras", além de várias quintas circundantes).
Ali, a qualquer hora, passou a fazer-se o abastecimento de água corrente , para todos os usos de casa, e a dar-se de beber aos animais no pio (tanque), que se mantinha sempre cheio.
Também a escola (que se vê atrás do chafariz, na foto), ficou com acesso privilegiado à água.
Quase todos os conterrâneos têm actualmente água canalizada em casa, mas ao tempo da construção, era aqui que toda a gente se abastecia, com cântaros, regadores e outras vasilhas disponíveis. 
Ficam as boas recordações e a utilidade pública.

terça-feira, maio 01, 2012

A escola de Salazar


"Com Salazar chegou a escola, frequentada, em tempos, por dezenas de crianças.   Com professora residente e com todas as classes na mesma sala de aulas. Ali se entrava na primeira classe e terminava na quarta classe. Foi esta escola, com todas as insuficiências e muito rigor, que nos deu asas."

(Antero Monteiro in "Memorial do Pocinho")

quarta-feira, abril 25, 2012

O forno público


Nas longas noites de inverno, era no forno que se encontrava o calor, a conversa, a revista dos temas quentes da aldeia.
Hoje pouco utilizado, o forno tinha uma utilização intensa.
É uma boa altura para o lembrar, como símbolo do que é comum na aldeia.
Aqui se coziam tabuleiros de bolos de Páscoa e os biscoitos cujas fotos já viram na publicação anterior.
Apetece rememorar esses belos tempos, de sabores e vivências, que a saudade nos ensinou a valorizar.
Quem nunca conheceu a vivência de uma aldeia terá dificuldade em imaginá-la em toda a sua plenitude nestes tempos.
Aqui fica a imagem (já com um simbolo da evolução e da modernidade - o caixote ao lado), já com electricidade. Noutros tempos a iluminação era feita de com candeias, candeeiros e principalmente lampiões.    

segunda-feira, abril 02, 2012

A Páscoa (2)

Doces tradicionais da Páscoa: O bolo, as filhós e os biscoitos








A hora da Via Sacra (na Quinta-Feira de tarde e Sexta-Feira Santas, de manhã) era anunciada às pessoas da aldeia através de um instrumento de madeira chamado de “matráculas”. Eram constituídas por uma pequena tábua rectangular com uma pega e mais duas tábuas móveis, presas à primeira por argolas de ferro, ficando uma por baixo e a outra por cima. Fazendo movimentos para baixo e para cima, as partes móveis batiam na parte fixa, o que provocava sons fortes e estridentes. Toda a gente podia ter um objecto destes em casa.
Sobretudo nestes dois dias santos, as mulheres não punham roupa branca a secar, pois corria
a superstição de que poderiam aparecer manchas de sangue sobre a alvura da roupa.
Geralmente eram dois ou três “garotos” que “tocavam as matráculas”, em três momentos certos da tarde ou da manhã, perfazendo portanto três voltas à aldeia cada dia santo. Por exemplo, na Quinta-Feira Santa, de tarde, davam uma volta, a tocar as matráculas, às 15 horas, outra volta às 15,30 e a última volta às 16 horas. Seguia-se de imediato a Via Sacra.
Terminado o período da Quaresma, chegava o alegre Domingo de Páscoa, dia festivo em que o padre, acompanhado por um paroquiano, percorria as ruas para visitar as casas, ou seja, para “tirar o folar”. O padre dava a cruz a beijar a todos os presentes, geralmente dispostos à volta da mesa da sala, enquanto espalhava água benta e dizia: “Cristo ressuscitou! Aleluia, Aleluia!”. Em cima da mesa era costume colocar num prato, como oferta, algum dinheiro, de acordo com as posses de cada um. Nas casas mais abastadas, acrescentavam-se doces da Páscoa e vinho.
Ao almoço era frequente o cabrito ou o borrego, além dos típicos doces da quadra pascal : o “bolo” (o folar), as filhós e os biscoitos (ver foto). Em casas de posses poderia confeccionar-se o pão-de-ló.






(Calvário visto por trás ao pôr do sol)




(Texto e fotos de Iracema Azevedo Leitão)



domingo, abril 01, 2012

Páscoa (1)

O Calvário - visto de frente



A Páscoa constituía uma festa importante para os habitantes de Chãos. Era nessa altura que, no forno comunitário, se coziam os “bolos” (em muitas zonas do país apelidados de “folares”), feitos essencialmente de farinha, ovos e azeite, e que todos os padrinhos tinham o dever de oferecer aos seus afilhados.
O Domingo anterior à Páscoa era o Domingo de Ramos. Antes da missa, os mordomos desse ano colocavam um monte de ramos de oliveira perto do altar, para que, durante a celebração, o padre os benzesse com água benta. No final, cada pessoa ia receber o seu ramo, pendurando-o posteriormente num local de sua casa para que esta ficasse abençoada e livre de perigos.
Durante o período da Quaresma, dizia-se a “Dia Sacra” (versão popular de Via Sacra) no interior da capela. Na Quinta e Sexta-Feira Santas, fazia-se fora, em peregrinação, percorrendo primeiro diversos pontos das ruas do “povo” assinalados por cruzes, antes de madeira e posteriormente de pedra. As cruzes estavam pregadas nas paredes de algumas casas. À frente ia um homem com uma grande cruz de madeira, onde se traçara uma toalha branca, geralmente de linho. No percurso rezava-se o terço e, em cada cruz, o grupo parava para ouvir um paroquiano ler uma passagem de um livro correspondente a uma “estação” da Via Sacra.
A Via Sacra terminava no Calvário, situado a umas centenas de metros da capela, na zona das “Eiras”. Trata-se de um pequeno complexo arquitectónico muito antigo que tenta recriar o lugar onde Cristo foi crucificado. Ergue-se num “cabeço” (pequena elevação) chamado de Poisados e é constituído por uma espécie de altar com escadas onde se levantam as três cruzes principais (ver foto). Abaixo destas, e em pontos mais alargados, erguem-se, cada uma sobre um pequeno pilar trabalhado, outras quatro cruzes, perfazendo no total sete cruzes, outrora de madeira. Neste local percorriam-se os sete pontos sagrados e todos se ajoelhavam para meditar nos martírios do Senhor.



(Texto e foto de Iracema Azevedo Leitão)

A Páscoa

Estamos a poucos dias da Páscoa, com os reencontros de familiares ausentes, com as festas religiosas e o reavivar das tradições, assinalados também na gastronomia de cada região.

Aqui fica uma saudação especial para a aldeia de Chãos e os seus habitantes, bem como para todos os naturais e amigos de Chãos que visitem este blog.

Publicamos de seguida dois interessantes textos da história e tradição da aldeia nesta época.

Os mais velhos relembrarão tempos e emoções. Os mais novos imaginarão a vivacidade da aldeia outrora por esta altura do ano.

sexta-feira, março 23, 2012

O blog no país e no mundo





Aqui deixamos uma imagem que traduz a entrada de cidadãos no blog ( os pequenos círculos vermelhos), das mais diversas origens ( os últimos dez). Como pode verificar-se passaram pelo blog pessoas dos EUA, Portugal, França, Brasil e São Tomé e Príncipe.

sábado, março 10, 2012

Jogos tradicionais (2)

O PATEIRO

O jogo do pateiro é composto por: uma mãozeira (um pau redondo com cerca de um metro e direito), um pateiro (pau mais pequeno entre dez a vinte centímetros, com as pontas aguçadas em cunha de um lado e do outro). No início do jogo, marcava-se uma linha no solo, que era de onde se começava o jogo, punha-se o pateiro em cima dessa linha e com a mãozeira dava-se-lhe uma pancada para ele subir e com ele no ar tentava-se acertar-lhe com a mãozeira para o atirar o mais longe possível, o jogador tinha direito a jogar três vezes seguidas se acertasse no pateiro, caso falhasse voltava ao inicio do jogo, se falhasse no inicio passava a vez ao jogador seguinte. Ganhava quem com as três pancadas enviasse o pateiro mais longe.


Um amigo do Chãos.

(Texto enviado por Vítor Galvinas)

quinta-feira, março 08, 2012

Jogos tradicionais


O JOGO DO PREGO
Consistia em marcar um ponto no chão, de onde todos os participantes partiam. Ia-se espetando o prego no chão e fazendo riscos no mesmo, tentando fechar os outros participantes, espetando o mais próximo possivel de outras linhas que os outros iam fazendo, para eles não poderem ou terem mais dificuldades em sair sem tocarem nas linhas dos adversários. Cada vez que se lançava o prego e ele não ficasse de pé, passava a vez a outro participante.
Ganhava o que conseguisse fechar todas as saidas aos adversários.

JOGO DO PIÃO
Fazia-se um circulo no chão, para onde se lançavam os peões. O jogo consistia em: um jogador lançava o peão para o circulo, o outro tentava com lançamento do seu peão retirar o outro de dentro do circulo enquanto este estivesse a rodar.
Por vezes, os peões ficavam danificados, outros partiam devido ao impacto do peão do adversário, pois estes tinham um bico de ferro.
O jogo terminava quando só quando um jogador conseguisse sobreviver.

Um amigo do Chãos.
(Texto recebido de Victor Galvinas)

terça-feira, fevereiro 21, 2012

O Entrudo


O “Entrudo”ou “Intrudo” era o termo com que se designava o Carnaval. Na véspera, os rapazes tinham por costume “deitar as pulhas”. Este divertimento consistia em casar as moças do lugar, num ambiente de total liberdade para quase tudo dizer ou fazer, como, por exemplo, anunciar o casamento de uma moça rica com um rapaz pobre, etc. Para isso, à noite, colocava-se cada rapaz num canto da aldeia e, com uns funis de vinho, apregoavam bem alto os casamentos e as respectivas prendas bem disparatadas.
Simultaneamente emitiam e repetiam fortemente uns sons fechados em “u”, num conjunto de cinco ( hu!hu!hu!hu!hu!!!...), sendo o primeiro mais forte e decrescendo até ao último mais fraco. Eram as chamadas “arrefufadelas”, que se sucediam durante toda a noite e por todos os cantos da aldeia, para que todos ouvissem.
Também havia o costume de, à noite, lançarem “bugalhos” dos carvalhos para dentro das casas, num momento de distração dos respectivos donos.
No próprio “Dia do Entrudo”, os “entrudeiros” passeavam-se pelas ruas da aldeia, usando da liberdade que o dia lhes conferia para brincarem e perseguirem os adultos e sobretudo as crianças apavoradas. Vestiam roupas mais fora do vulgar, como saias compridas, lenços, calças (para as mulheres, em especial), chapéus ou bengalas. No início, não tapavam a cara, segundo alguns, mas depois tornou-se hábito taparem-na com uma toalha ou naperon rendado Este subterfúgio promovia uma maior liberdade por parte dos “entrudeiros”, bem como a curiosidade dos “espectadores”em adivinharem quem se esconderia por baixo daquelas calças ou saias, dificuldade acrescida visto que os mesmos, de propósito, não proferiam uma única palavra.


Texto de Iracema Azevedo Leitão

sexta-feira, fevereiro 17, 2012

Brasil

Muitos foram os naturais de Chãos que rumaram ao Brasil no século passado.
Aqui transcrevemos um mail recebido do Brasil, de um cidadão brasileiro e esposa que têm família em Chãos, para conhecimento de eventuais familiares, que nos remeteu um comentário que poderão consultar em "A Casa do Senhor Raul":

" Sou Brasileiro. moro no Brasil,sou filho da senhora Florina da familia neves. ja falecida.devo ir a Portugal no mes 07/2012. devo visitar o Chãos com a minha esposa Maria Alice tambem nascida ai em Portugal na cidade de Viseu,devo visitar a minha prima Armandina que vive ai no Chaõs. abraços a todos.Armando D'Almeida vila Matilde São Paulo Brasil."


P.S.- Espero comentários dos familiares ou dos próprios que por este meio comuniquem. Tenho ideia de ouvir falar no nome Florinda, mas creio não ser do meu tempo. Alguém pode esclarecer?

domingo, fevereiro 05, 2012

Foto antiga


Aqui fica uma foto, ainda a preto e branco, com algumas décadas, para comparação com a actualidade.
Verifique as alterações, nomeadamente com a foto que serve de entrada ao blog.
AM